Contos

A moça do monóculo

Cassiel, que estava casado com Fath há dois anos; em um certo dia chegara em casa completamente dominado pelas bebidas a mais que havia tomado no Bar do Zé Guariba. Na realidade ele tomou todas e chegou em casa em um verdadeiro estado de embriaguez. Fath já estava com Cassiel pelas tampas, pois no mês anterior, ao entrar no carro que ele trabalhava, uma kombi do refrigerante River, ela encontrara um vestido com motivos carnavalescos em uma sacola, dentro do parta luva do carro. Ela matutou que, conhecendo o ordinário do seu marido, como ela conhecia, aquilo tratava-se de alguma vagabunda que ele iria presentear, para ir a alguma festa de carnaval. Fath não  bradou, ficou quieta e se fingiu de morta; mas rasgou o vestido todo em mil pedaços e voltou a guardá-lo na mesma sacola e ficou na surdina, para ver o que ele ia dizer. Claro, que Cassiel, manso como sempre, não disse absolutamente nada.

Juntando então, as lembranças do ocorrido na mês passado, com o fato dele ter chegado muito bêbado e tarde em casa, ela foi fazer uma vistoria ou inspeção, nos bolsos de Cassiel, pois ela sabia que era assim que se pegava um vagabundo safado. Ela encontrara um monóculo, com uma foto de uma moça, feia, ressalte-se, o que a deixou mais aborrecida ainda. Como poderia um safado dessa qualidade, se trocar com uma vagabunda ordinária e feia como aquela. Somando dois mais dois, como toda mulher que tem um marido que apronta com rapariga, Fath intuiu que talvez aquela sirigaita da foto, pudesse ser a mesma para quem ele havia comprado o tal vestido que ela achou no porta luva do carro e que foi espedaçado; fato este que a deixou mais intrigada ainda. Examinou bem a foto do monóculo e observou que por trás da tal moça, havia um muro, com um determinado tipo de tijolo, que a levou a supor que seria a Escola municipal João Souza Cintra, localizado no bairro da Vermelha; e assim ela foi parar na tal escola; ao chegar por lá, perguntou para a primeira pessoa que encontrara, se ela conhecia aquela pessoa que aparecia na foto do monóculo; a moça deu uma rápida olhada no dispositivo de foto e de pronto respondera para a Fath, que se tratava da Nazaré, que estudava no terceiro ano; mas, que ela não estava lá. Fath pergunta se ela sabia onde a Nazaré morava, dando uma justificativa de parentesco e a moça entrega o endereço. Em ato contínuo, Fath sai em disparada para o endereço citado, pegando para tal, dois ônibus. Ao chegar no local, a Nazaré não se encontrava; o que obrigou Fath a fazer uma campana por uma semana na porta da escola, mas, até hoje dão notícia de que a tal Nazaré nunca mais apareceu por lá.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *