Dê-me um martelo
E eu faço uma poesia
Dê-me uma foice e eu faço
Um roçado
Dê-me um partido
E prenderemos os ladrões
Dê-me um rebanho
E eu produzirei
Dê-me a fé
E eu direi quem é o santo
Dê-me a força e eu mostrarei
Quem tem a coragem
Dê-me o rumo
E seremos dois
Dê-me uma mulher
E terás um filho
Dê-me uma puta
E terás uma mulher
Dê-me uma caneta
E eu riscarei a constituição
Dê-me o amanhã
E terás a eternidade
Dê-me céu
E preferirei a terra
Dê-me terra
E eu farei uma reforma agrária
Dê-me escravos
E o Senhor morrerá
Dê-me poder
E terás o bom senso
Dê-me um filho
E terás a razão
Dê-me loucura
E terás um mundo completo
Dê-me um motivo
e eu faço uma revolução
Dê-me o amor
e você será minha
Dê-me segredo
e morreremos
Dê-me oceanos
e teremos o sal da terra
Dê-me juízo
e morreremos na velhice
Dê-me coragem
e baixaremos a cabeça
Por Vicente Freire